sábado, 27 de abril de 2013

Rimas fáceis, calafrios...

Não sei se todos podem dizer isso, mas agradeço à minha mãe pelo nome escolhido.

Há muito tempo, em um dia qualquer, ela me revelou como fez a opção: "Conheci o nome por causa do Vinícius de Moraes. Achei lindo e pensei que você pudesse ser um poeta".

Coitada de 'mi madre'. Talvez eu tenha a decepcionado. Não virei poeta, escritor ou compositor. Nem participei de uma santíssima trindade responsável por uma música nova ou Bossa Nova.

Apesar de não ter herdado o talento do meu xará, gosto mais da beleza e leveza da poesia do que da frieza da prosa.

Quando adolescente, apelei inúmeras vezes para as rimas fáceis. Sinceramente, eu acreditava que, de alguma forma, elas me ajudariam com as mulheres.

Apesar de ser comunicólogo, nunca tive muito jeito para me declarar às belas do sexo oposto. A timidez tomava conta de mim na hora de oralizar uma abordagem. A saída recorrente, então, eram os versos.

Não sei explicar o porquê, mas o encanto poético se perdeu em algum lugar desconhecido.

Procurei nos 'achados e perdidos'. Sem sucesso. Tentei no SSO (aquele do metrô) também e o fracasso foi igualmente retumbante.

Será que um dia o acho? Será que um dia os meus versos serão tema de livro? Será que eles vão voltar a rolar, nem que seja por um segundo mais feliz?



sábado, 13 de abril de 2013

E se...

Lembro como se fosse hoje. Quando eu cursava a sétima série do ensino fundamental, no longínquo ano de 2001, um professor de História disse: "Historiadores não trabalham com o 'se'".

Ele citou o exemplo da morte da modelo Fernanda Vogel, que aconteceu no mesmo ano. "Poderíamos falar: 'SE a Fernanda Vogel não entrasse naquele helicóptero com João Paulo Diniz, ela não teria morrido. Na História não existe isso", completou o professor Gabriel, um dos melhores que eu tive nesta disciplina.

Sempre gostei de História e de histórias. Não me formei em jornalismo à toa. Por outro lado, também sempre recorri ao tal do 'se' nos meus diálogos.

Peste atenção que falei nos diálogos, não nos textos jornalísticos. Assim como historiadores, jornalistas evitam fazer suposições. Trabalhamos com os fatos. A tal objetividade factual.

Mas como isso é um blog, vou me dar a liberdade de utilizar a conjunção.

É curioso perceber que utilizamos o 'se' para tudo. Desde fatos corriqueiros até aos acontecimentos anormais.

Quem nunca, no meio de uma noite de azia, disse: "SE não tivesse comido tanto..."

Nesta semana, voltei a pensar na conjunção. Acredito que todos (e poucos) leitores do 'Bacerladas' devem ter acompanhado a notícia da morte do jovem Victor Hugo Deppman, 19, no dia 9 de abril.

Fora a revolta que familiares e amigos sentiram com o assassinato, uma dúvida deve ter pairado em suas cabeças: "E se..."

E, provavelmente, ficaram mais perplexos quando descobriram que neste caso não há o 'se'. Não só pelo fato de que sua vida não voltará, mas também porque Deppman fez tudo da maneira correta.

Ele entregou o celular e não reagiu, o que não foi o suficiente para o assassino poupar sua vida.


A minha intenção não é gerar um debate sobre a redução da maioridade penal. Eu só queria saber SE um dia estaremos livres de mortes estúpidas como essa.

Sei que ninguém tem a resposta para meu dilema. Infelizmente, não acredito na solução.

Não chego a ser um apocalíptico que desistiu dos humanos. Sei que há muitas coisas boas no mundo, mas dói saber que o homem seja capaz de cometer atrocidades como o assassinato de Victor Hugo.

SE a nossa realidade é crua, resta-me imaginar uma vida nua e pura.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

O preço de um resgate

Fazia tempo que não aparecia por aqui, não é mesmo? No país do carnaval, às vezes, a curtição é necessária. O problema é quando esta mesma mesma curtição causa danos. Este foi meu caso. Mas, aos poucos, estou me recuperando.

Não costumo falar diretamente sobre mim no blog. Uso metáforas, personagens e nomes fictícios. O leitor (a) mais atento (a) já percebeu o 'truque'.

Nas doze postagens anteriores, também não falei sobre esporte. Já escrevo demais sobre o tema profissionalmente. Aqui é um espaço livre para devaneios. E eu gosto muito de devanear...Principalmente acompanhado de cerveja, cigarro de menta, tequila e amigos.

Uma combinação quase perfeita, porém pouco (ou nada) saudável. Ainda mais quando uma fritura é acrescida a este menu. É uma bomba atômica, eu diria.

Hoje, excepcionalmente, falarei sobre mim e sobre esporte. Com uma pitada de devaneio (não, não estou bebendo neste momento).

Antes de realizar uma ressonância no joelho esquerdo, ontem à tarde, fui surpreendido por um filme de 2007 chamado "O resgate de um campeão" --Resurrecting the champ (no original em inglês).



Só o fato de contar com o Samuel L. Jackson já seria o necessário para chamar a minha atenção. Mas o filme tinha mais: falava sobre um jornalista esportivo, interpretado por Josh Hartnett, em busca de uma grande história.

E ele achou a tal história em uma mentira inventada por Jackson, que deu vida a um ex-pugilista, morador de rua nos dias relatados pelo filme.

Em determinado momento, a mentira foi benéfica aos dois protagonistas. Mas, por pouco, não acabou com a carreira do jornalista.

Pensei no assunto. Claro que o jornalismo exige verdade e objetividade factual. SEMPRE.

Mas será que a nossa vida não está pragmática demais? Será que não há espaço para devaneios e mentiras que, de certa forma, nos resgatam desta cruel realidade?

Esqueçam os fatos, esqueçam os jornais. Fechem os olhos e imaginem: "Qual será minha mentira de hoje para me sentir melhor?"

Qual é o preço que está disposto a pagar para resgatar você de si mesmo? Na Teoria da Comunicação, os estudiosos falam de primeira e segunda realidade. Qual delas você quer?

Fugir da realidade é muito mais do que postar coisas bonitas no Facebook (apesar de todo este discurso parecer exatamente isso). É crer que a dor seja passageira por mais que seu médico diga o contrário.

Sair do "baseado em fatos reais" para "ficção" talvez não seja uma alternativa. Às vezes, pode ser a única solução.

Aja sem os pés nos chão. Afinal, no fundo, todos querem mesmo é voar.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Guarda baixa

Horas antes da luta de sua vida , ele sorria. Mostrava confiança na vitória. Todos os gestos eram calculados para aparentar tranquilidade.

Cada palavra solta era trabalhada com a precisão de ourives. Nada poderia sair do lugar.


Havia chegado o sonhado momento. Foi chamado para entrar no ringue. Suava, respirava fundo e desferia socos no vácuo. Estava tudo sob o controle.

Encarou o oponente, mas não conseguiu ficar com os olhos fixos no adversário por muito tempo.

O combate começou e seu pensamento era só se esquivar. Não conseguia atacar o rival. Os braços pareciam presos.

- Como ficaram tão pesados? -- indagava-se enquanto se movimentava de um lado para outro.

A poucos segundos de terminar o primeiro round, levou um duro golpe. Um direto de direita acertou em cheio a sua face. Caiu.




O juiz abriu contagem, mas antes de chegar aos seis segundos, levantou-se. Soou o gongo.

- Reaja! Não fique com a guarda baixa --disse o técnico.

Era a mesma coisa de não ter dito nada. Naquele momento nada mais fazia sentido. Estava desorientado.

Não demorou muito para receber outro soco no segundo round. Beijou a lona novamente. Desta vez, não se reergueu.

A poça de sangue ao redor denunciava o fracasso. Não tinha mais volta. Era um derrotado.

Os olhares dos amigos, técnico e parentes lhe mostraram uma coisa que, no fundo, já sabia.

A postura de vencedor antes da luta enganou apenas uma pessoa: a si próprio. Ele era um péssimo ator.


quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Uma experiência na cidade grande --final

...E ele entrou. Avistou o balcão e pegou a primeira cerveja. Naquele momento, havia esquecido tudo: chácara, Fuleca, cravos, o cheiro ruim de seu perfume e sua roupa ralé...Estava feliz, ainda sob o efeito da Tequila.

Quando virou o corpo e olhou para trás, mal podia acreditar no que via: mulheres seminuas dançando sensualmente. Só havia visto aquilo na TV.

Decidiu sentar e observar aqueles corpos suados e, ao mesmo tempo, atraentes...Nunca tinha visto o paraíso, mas tinha certeza que não poderia ser melhor.

Quando estava pensando em se levantar para buscar a segunda lata, Ralecab foi surpreendido por um pedido:

- Posso me sentar com você? --perguntou uma morena de olhos verdes, lingerie vermelha e voz sensual.





-Po..po..po..de --respondeu incrédulo e gaguejante o nosso herói.

- Qual é seu nome, amorzinho?

- Suiciniv Ralecab e o seu?

- Que nome diferente! Cláudia, mas pode me chamar de Claudinha.

- Prazer, Claudinha.

- O prazer será todo nosso. Primeira vez na casa?

- Sim. E você?

- Bom, eu trabalho aqui há um ano. Só não venho de segunda.

- Como?

Astuta, a garota percebeu que o menino era ingênuo (ou fingia ser). Na dúvida, decidiu fazer o jogo dele. Não tinha descolado nada até aquela hora e precisava faturar. Apesar do mau cheiro e da aparência, nutria a esperança que ele pudesse ter um cartão de crédito. Afinal, hoje em dia todo mundo tem.

- Que lindinho! Ele é puro. Mas pode deixar que a Claudinha vai cuidar bem de você...

Então começou a fazer carinho no rosto, pescoço, peito e continuava descendo a mão...barriga, pernas... até que...

- Vamo fazê amô gostoso? Vamo? --sussurrava no ouvido de Suiciniv. E a mão não parava.

Ralecab nunca tinha sentido algo parecido. Seu corpo parecia que estava em ebulição. Embriagado pela tequila, cerveja e pelo perfume de Claudinha (que não era tão melhor que o seu), decidiu se arriscar. Não sabia direito o que era aquele "amô", mas imaginava que era algo bom pela sensação do momento.

- Vamos!

-Humm, gostoso. Vamos lá no caixa acertar então? R$110 uma hora, com o quarto incluso.

- O que? Eu..eu..eu...só tinha dez reais e gastei para entrar..Putz, nem sei como voltar para casa...

- Tá brincando com a minha cara?

- Não, veja bem, eu sou da roça...

- Você pode ser da puta que pariu. Seu moleque...Bem que eu percebi que era pobre mesmo. Olha essa roupa, esse perfume vencido...Vai tomar no seu cu e some da minha frente. -- disse Claudinha ao se levantar do sofá e deixar o protagonista sozinho e excitado.

Ele nem quis saber das duas latinhas que tinha direito. Para falar a verdade, esqueceu mesmo. Estava arrasado. Sentia-se humilhado quando ganhou a Augusta de novo.

Assim que colocou o pé na rua, ouviu um rapaz gritar com uma mulher: "Sua vaca!"




Lembrou-se da Fuleca. Estava com fome e tudo que precisava era um copo de leite.

"Se eu ordenhar aquela moça... Será que sai leite? Mas quanto ela cobraria? Se a outra cobrou R$110 só para passar a mão em mim, se eu passar a mão deve ser mais caro...Ainda teria o valor do leite... Ah, Fuleca..Cadê você com seu leite gratuito?", indagou-se bêbado e faminto.

Cansado e sem um puto no bolso, Suiciniv Ralecab caiu na calçada, pegou no sono em uma rua que nunca dorme e pensou: "Seria tão louco, se fosse verdade".



terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Uma experiência na cidade grande --parte 2

Ralecab hesitou no começo...

- Beber o que?

Cuervo, com um sorriso de canto, respondeu:

- Tequila.

O nosso protagonista continuou ressabiado, mas pensou: "Por que não? Não vim aqui para largar o marasmo da chácara?"

Contou o dinheiro que havia sobrado dos R$ 50 reais...Ainda tinha R$ 40...

- Dá para pagar?

- Claro! -- respondeu, Cuervo. Quantas doses você vai querer? --completou.

- Quantas? Sei lá..Preciso de dez reais para voltar para chácara.

- Bahia, vê três doses de tequila para o moço...

Depois de ouvir as explicações sobre o sal e limão, Ralecab secou os três copinhos com aquele líquido amarelo em segundos. Pensou que iria vomitar, pois a tal da tequila desceu rasgando. Segurou a ânsia, pagou a conta e já não tinha mais noção de quem era.

- Preciso ir embora!

Saiu pela Augusta novamente, mas nem sabia onde estava. Nunca havia bebido algo parecido...Para ele, já era o maior porre da vida...

De repente, deparou-se com outra casa cheia de luz, de nome engraçado e com um cara de terno e gravata na porta.

Pensou que era o mesmo lugar, mas o letreiro era diferente: "Blu-blu-blu..nai..nai..te. Blu naite" foi o que conseguiu entender de "Blue Night"...Sabia que era inglês ( e não manjava porra nenhuma, mas estas duas palavras ele já tinha escutado e visto em algum lugar)...




- Quer conhecer a casa?

- An?

- Quer conhecer a casa? Paga dez reais e bebe três cervejas...

Desta vez, ele não pensou duas vezes. Era exatamente o que tinha no bolso, seus pés estavam doloridos e precisava se refrescar (cerveja ele conhecia bem). Entrou...Só não se lembrou que a volta dependia daqueles míseros trocados...

To be continued

Uma experiência na cidade grande

Humilde, com os pés descalços e com uma inocência incomum, Suiciniv Ralecab vivia nos rincões da zona leste de um feudo distante.

Na sua chácara Lúcia Matilde, nome dado em homenagem a sua bisavó, ele acompanhava o crescimento do mundo de uma forma pura e alienada. Mesmo assim, era feliz.

Ralecab não conhecia o luxo (por isso, não sentia sua falta). Estava satisfeito com o pouco que tinha.

O seu xodó era a vaca Fuleca, pois ela fornecia o leite de cada dia. E como gostava de ordenhá-la pela manhã.


O nosso herói (se os BBB's são heróis, Suiciniv Ralecab era super-mega-foda-phd em heroísmo)raramente ficava nervoso. A não ser que a sua colheita o deixasse na mão.

Quando isso acontecia, ele enrolava uns cravos em uma folha de árvore, acendia e sugava. Sem saber o porquê, aquele ritual o deixava mais calmo.

Fora os imprevistos da natureza, as coisas andavam tranquilas na vida do nosso humilde protagonista. Até que um dia, ele resolveu largar o marasmo da chácara (não confunda com outro personagem, bem menos relevante...) e foi para o centro do burgo, de nome paulista.

Colocou sua melhor roupa: uma calça jeans (que deveria ter uns seis anos, no mínimo), um sapato número 37 (ele calçava 39) e uma camiseta polo branca (já estava amarela pelo tempo de armário. Afinal, era uma peça que só usava em solenidades --casamento do primo do tio do amigo regado a croquete, quermesse e coisas do gênero).

Usou um pingo do perfume vencido, que, logicamente, deixou fedendo a chácara inteira. Era um domingo. Pegou 50 reais (a economia do ano) e disse: "Não tenho medo nenhum de gastá-los".

Quando chegou ao destino, ficou encantado com as luzes. Já tinha escutado falar de uma tal de Paris, mas com certeza a desconhecida cidade não era tão luz quanto o burgo paulista.




Andou um bocado...sem destino...até que se deparou com uma placa: "Augusta". Ralecab não sabia ler direito, porém com algum esforço, lembrou-se que era o nome da sua tia. Resolveu descer.

Caminhou e olhou para aquelas luzes vermelhas e nomes engraçados: Casarão (e não passava de uma porta minúscula com um cara de terno e gravata na porta), Las Jegas, Emanoelle (Já tinha visto em um sábado de madrugada uma alcunha parecida na TV: Emannuelle. Até pensou que a poderia encontrá-la lá dentro, mas preferiu não entrar) e resolveu parar em um lugar sem luzes. Era um bar escuro.

Sentou-se no balcão e encontrou um rapaz simpático.

-Qual é seu nome, jovem?

-Suiciniv Ralecab e o seu?

- José. Mas pode me chamar de Cuervo. Aceita uma bebida?

To be continued

domingo, 27 de janeiro de 2013

E se pudesse nascer de novo?

Não gosto da sensação de tristeza. Acho que ninguém gosta. Mas reconheço que a dor pode ser motivacional e fonte de inspiração.

Às vezes, a dor pode ser evitada. Digo isso pensando nos familiares dos 245 mortos em Santa Maria (RS). Nada (nem o retorno da presidente Dilma Rousseff do Chile) apagará a dor e trará as vidas perdidas de volta.

Não adianta fechar o local e nem cobrar multa. A ferida foi aberta e talvez nunca seja cicatrizada.

Em outras situações, não temos como prever e/ou prevenir. O que fazer, então?

Se soubesse a resposta, com certeza poderia participar de festas ao lado do Eike Batista e Carlos Slim. Talvez fizéssemos um reality show: "Homens ricos".

Porém, infelizmente, não consigo resolver esta questão e não posso ganhar dinheiro com a solução para tristeza inesperada. Continuo pobre, aqui na Zona Leste e satisfeito por ir a um barzinho no fim do dia.

Enquanto isso, o meu pessimismo sempre me leva para a mesma pergunta: "Se eu pudesse nascer de novo?"

Não precisaria de um berço de ouro. Um pouco mais de altura, muitos quilos a menos e voilà.

Ah, menos racionalidade também seria útil. Afinal, o mundo é dos loucos. Ser racional é cafona e há tempos está fora de moda.

Ou quem sabe poderia ser um pássaro? Em caso de temperatura baixa, voaria para o calor e vice-versa. Sempre em bando, mas sem conversas e sentimentos desnecessários. Apenas com o instinto de sobrevivência.


Penso demais, mas nunca é para o bem ou para o bom. Sempre é para o mal e para o mau. A lamentação é inevitável. Por mais que eu queria, há dias que o sorriso não consegue tomar conta do meu rosto.

O "Bacelardas" promete voltar a programação normal nos próximos dias.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Augusta 666

"Na Augusta, você encontra de tudo. Até gente normal". BARCELOS, Venâncio.

Com esta citação do amigo do primo distante, o herói que procurou ( e achou) o torresmo perfeito, o "Bacelardas" resolveu homenagear a Augusta.

Não estou aqui para falar sobre casas noturnas de diversão adulta masculina. A Augusta é muito mais do que isso.

É o local onde todas as tribos se encontram. Você pode ouvir qualquer música (de Zumbis do Espaço até marchinhas de carnaval), vestir-se (ou não) de qualquer maneira e, ainda sim, ser considerado normal. A única coisa que não dá para fazer mais é descê-la a 120 km/h por causa do trânsito infernal.

Para mim, a Augusta é como se fosse um mundo à parte de São Paulo, apesar de ser a mais paulistana das ruas. Afinal, não há uma rua tão cosmopolita e tão desvairada nesta Pauliceia como ela. É o reduto da arte moderna pós-moderna.




Se morresse hoje (e não em 1945), Mário de Andrade provavelmente gostaria de ser enterrado na Augusta.

Quando entro na simbólica rua, sinto-me como os personagens do saudoso desenho "Caverna do Dragão". Presos nas trevas, os heróis sempre ficam esperançosos com o portal que, supostamente, os levariam de volta para casa.

A Augusta é o outro lado do portal. É o parque de diversões que eles sempre avistam.

Com esta exaltação à Matrix Paulistana, onde o real e o virtual se unem, onde o sagrado e o profano convivem, gostaria de parabenizar São Paulo pelos 459 anos.


quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Pare...Agora!

Não, não. O mote do post não é a Jovem Guarda, nem a Wanderlea e, muito menos, casamento...

Apesar que os três itens estão relacionados com o assunto...

Afinal, vamos falar de saudosismo, recordações e eternidade...São as primeiras palavras que vêm a minha cabeça quando o tema da conversa é fotografia.

Não gosto de sair (por não me considerar fotogênico), mas sou apaixonado por fotos. Daqueles que ficam horas observando álbuns, galerias e posters sem se cansar.

Por mais que o Orkut e o Facebook tenham transformado fotografias em status...(Arrasa no look, tira foto no espelho pra postar no Facebook --sei que esta música veio a sua cabeça também e não te condeno por isso)... a importância das fotos está na imortalidade dos momentos.

Fico imaginando como as pessoas conseguiam viver sem estes registros. Não tem nada a ver com o status, com as curtidas ou com a prova de que realmente esteve em tal lugar. Estas coisas são legais, mas não essenciais.

Recordar é viver...Por isso, lembre e frise aquele único instante. Por favor, pare! Agora!

Não precisa chegar ao extremo como o ex-artista taiwanês (e talvez desocupado) Tehching Hsieh. Ele ficou UM ano em seu estúdio. Fazendo o quê? Tirando fotos de HORA EM HORA...Oo... (Olhem o menino-maluquinho abaixo)




Foi necessária uma sala da Bienal de Artes, esta mesma que acabou no dia 9 de dezembro em SP, no Pavilhão da Bienal, para expor todas as fotografias...

Deixando a loucura do taiwanês de lado, eu admiro quadros também. Não sou um expert, mas aprecio exposições. Sempre que posso, visito museus (Pinacoteca, Masp, Faap...)

Para fechar este post que fala de imagens, porém tem muitas letras, vou colocar uma obra do pintor espanhol barroco Diego Velázquez. A minha preferida: "As Meninas".

Ele se autorretrata pintando as gurias. Não é demais?

Afinal, imagem é tudo sim (mesmo que o refrigerante fale o contrário).




segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Sonhos

Não adianta tentar explicar cientificamente. Nunca entenderei os sonhos.

Com uma regularidade incrível, eles aparecem toda noite. Pode ser bom, ruim, estranho...Não importa.

Às vezes, de tão intenso, parece ser real (muitas vezes eles se confundem mesmo). Quem nunca acordou cansado depois de uma noite de...sono? Eu já. E tudo por causa deles...dos sonhos.

Temos que conviver com os pesadelos também...Vocês já acordaram aliviados depois da constatação de que tudo não passava de um...sonho?

Mas não sonhamos dormindo apenas. Quantas vezes não me deparei com a imaginação longe, pensando como seria bom (ou ruim) estar em determinado lugar e/ou situação...

Acho que faço projeções na mesma proporção que respiro. É algo inerente e fundamental a minha existência.

Afinal, dizem que não há vida sem sonhos. Eu tento realizar os meus, na medida do possível.

Sonhe, mas principalmente, realize. Nunca desista de seu sonho por mais impossível que ele pareça.

O maluco mais lúcido de todos já dizia: "Sonho que se sonha só. É só um sonho que se sonha só. Mas sonho que se sonha junto é realidade".

Qual é o seu sonho?

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Solidão

Calma...

Já ouço os gritos de protestos e leio as faixas da torcida: "Vaca H, Bacelar"...

"De novo este papo de solidão? Já deu, não?"

Antes de me xingar, peço que leia o post até o fim...

Vários ditados foram criados para dizer que, de uma forma ou de outra, TODOS encontrarão alguém...

"Tampa da panela, chinelo velho para o pé cansado.."

Quando não são os ditados, são as palavras consoladoras: "No tempo certo, você achará alguém que te mereça"

O verbo é merecer ou gostar? Note que eu evitei o verbo "amar". A intenção não é ser um trovador. Sem dramas e rimas. Sem Amor perfeito e com "A" maiúsculo.

Alguém pode perguntar: "Você não é a favor do amor?" Respondo: "Sou MUITO a favor".

Mas temo por sua extinção. Será que o medo de amar está matando este sentimento entre nós?

Não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe...(ironia)...hahahaha.

Se não consegue amar, goste! E deixe que os outros (as) gostem de você também.

Afinal, ninguém nasceu para ficar só.

E por falar em solidão, alguém quer ver um filme à toa? (Não precisa ser no Pathé de Belo Horizonte, que além de longe, já não existe mais...)



sábado, 5 de janeiro de 2013

Atraso

O terceiro post no retorno do "Bacelardas" era para ser o primeiro. Mas se não me atrasasse, não seria eu.

E como gosto de autenticidade, mantive a tradição bacelarina.

Na volta do blog, eu precisava agradecer aos colaboradores da primeira fase: Felipe Tchilian, Karina Costa, Magno Nunes e Chico Junior.

Obrigado, amigos. Seus textos e suas ideias foram fundamentais para o sucesso desta empreitada. Todos jornalistas e todos diferentes. Porque o mundo é um grande misto.

Reparado o erro e o atraso, pergunto para vocês paulistanos: Por que tanta pressa?

Será que nunca seremos donos do nosso tempo? Não vamos controlar nossos destinos?

Tudo tem que ser milimetricamente calculado?

Alguém vai perguntar: "Está louco? Quer justificar seus atrasos com este papo furado? Sabe como é ruim esperar?"

Respondo: "Eu justifico os meus atrasos com trânsito. Aqui vale a reflexão..."

Será que não devemos andar devagar? Afinal já tivemos muita pressa...


sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

A incessante busca pelo torresmo perfeito

O Bacelardas adverte: Esta é mais uma daquelas histórias que acontece com alguém muuuiiitoo distante. Sabe aquele primo do amigo do cunhado do irmão do tio de seu primo de terceiro grau que vive no interior? Então...O fato que vem a seguir ocorreu com ele mesmo.

Para preservarmos a identidade, vamos chamá-lo de Venâncio Barcelos. Qualquer semelhança com meu nome é apenas mera coincidência.


Nosso 'herói' Venâncio estava com seus amigos na rodovia Oswaldo Cruz, a famosa serrinha de Ubatuba (aquela mesma que liga a cidade litorânea a Taubaté), quando, de repente, revela um desejo inusitado:

- Que vontade de comer um torresmo!

Logicamente, no meio de curvas sinuosas, que mais parecem cotovelos, não havia nenhum boteco para vender o tira-gosto.

Após quase sete dias em Ubatuba, Barcelos não conseguiu matar seu desejo. Olhava com esperança para todas as estufas de bares do município e...NADA!

Surgiu, então, outra vontade...(E é bom abrir um parenteses aqui...Apesar da barriga redonda e avantajada, Venâncio não está grávido. A anatomia e a sua masculinidade não permitem tal feito). Agora o desejo era comer em uma famosa rede de fast-food.

Para a surpresa do nosso protagonista, não havia nenhuma lanchonete desta rede em Ubatuba.

Eis que, alertado por seu amigo, Venâncio se animou: Na volta para SP, ele poderia comer em Caraguatatuba.

Ledo engano rapidamente superado pelo nosso herói. Em seu primeiro dia na terra da garoa no ano de 2013, Barcelos conseguiu saborear um delicioso hambúrguer com fritas e contribuir (ainda mais) para sua aparência de gestante.

Aí vocês perguntam: "E o torresmo? Tema inicial e presente no título da postagem? Ele não comeu? Não pode ser substituído por um pedaço suculento e gorduroso de bacon?"

A resposta é não! A saga pelo torresmo perfeito ainda continua para Venâncio Barcelos, que é brasileiro e não desiste nunca.

E se Haddad disse em sua posse: "Existe amor em SP", Venâncio clama para o prefeito: "Que exista torresmo também".

E você? Tem uma vontade gastronômica? Coloque nos comentários ;)





quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

O que pode acontecer em três anos?

...Tanta coisa, que precisaria de mais três só para contar aos leitores do "Bacelardas".

Por isso, não vou tomar o seu tempo neste post. Só queria dizer que voltei...

Infelizmente do mesmo tamanho, uns 20 kg mais gordo e ainda feio...

Em contrapartida, também retorno com mais experiência.

Àqueles que me conhecem, não se surpreendam se eu não falar muito sobre esportes (especialmente futebol). Tem tanta coisa além da Copa.

E se já falamos muito sobre ela (a Copa) sem ser iniciada, imagine...(Deixe para a marca de cerveja completar).

Sejam bem-vindos de volta. Estava com saudades de escrever sem compromisso e sobre assuntos aleatórios.

Dia após dia, eu digo: "Leia sem moderação. O 'Bacelardas' voltou!"

E você? Vem comigo?