sábado, 27 de abril de 2013

Rimas fáceis, calafrios...

Não sei se todos podem dizer isso, mas agradeço à minha mãe pelo nome escolhido.

Há muito tempo, em um dia qualquer, ela me revelou como fez a opção: "Conheci o nome por causa do Vinícius de Moraes. Achei lindo e pensei que você pudesse ser um poeta".

Coitada de 'mi madre'. Talvez eu tenha a decepcionado. Não virei poeta, escritor ou compositor. Nem participei de uma santíssima trindade responsável por uma música nova ou Bossa Nova.

Apesar de não ter herdado o talento do meu xará, gosto mais da beleza e leveza da poesia do que da frieza da prosa.

Quando adolescente, apelei inúmeras vezes para as rimas fáceis. Sinceramente, eu acreditava que, de alguma forma, elas me ajudariam com as mulheres.

Apesar de ser comunicólogo, nunca tive muito jeito para me declarar às belas do sexo oposto. A timidez tomava conta de mim na hora de oralizar uma abordagem. A saída recorrente, então, eram os versos.

Não sei explicar o porquê, mas o encanto poético se perdeu em algum lugar desconhecido.

Procurei nos 'achados e perdidos'. Sem sucesso. Tentei no SSO (aquele do metrô) também e o fracasso foi igualmente retumbante.

Será que um dia o acho? Será que um dia os meus versos serão tema de livro? Será que eles vão voltar a rolar, nem que seja por um segundo mais feliz?



sábado, 13 de abril de 2013

E se...

Lembro como se fosse hoje. Quando eu cursava a sétima série do ensino fundamental, no longínquo ano de 2001, um professor de História disse: "Historiadores não trabalham com o 'se'".

Ele citou o exemplo da morte da modelo Fernanda Vogel, que aconteceu no mesmo ano. "Poderíamos falar: 'SE a Fernanda Vogel não entrasse naquele helicóptero com João Paulo Diniz, ela não teria morrido. Na História não existe isso", completou o professor Gabriel, um dos melhores que eu tive nesta disciplina.

Sempre gostei de História e de histórias. Não me formei em jornalismo à toa. Por outro lado, também sempre recorri ao tal do 'se' nos meus diálogos.

Peste atenção que falei nos diálogos, não nos textos jornalísticos. Assim como historiadores, jornalistas evitam fazer suposições. Trabalhamos com os fatos. A tal objetividade factual.

Mas como isso é um blog, vou me dar a liberdade de utilizar a conjunção.

É curioso perceber que utilizamos o 'se' para tudo. Desde fatos corriqueiros até aos acontecimentos anormais.

Quem nunca, no meio de uma noite de azia, disse: "SE não tivesse comido tanto..."

Nesta semana, voltei a pensar na conjunção. Acredito que todos (e poucos) leitores do 'Bacerladas' devem ter acompanhado a notícia da morte do jovem Victor Hugo Deppman, 19, no dia 9 de abril.

Fora a revolta que familiares e amigos sentiram com o assassinato, uma dúvida deve ter pairado em suas cabeças: "E se..."

E, provavelmente, ficaram mais perplexos quando descobriram que neste caso não há o 'se'. Não só pelo fato de que sua vida não voltará, mas também porque Deppman fez tudo da maneira correta.

Ele entregou o celular e não reagiu, o que não foi o suficiente para o assassino poupar sua vida.


A minha intenção não é gerar um debate sobre a redução da maioridade penal. Eu só queria saber SE um dia estaremos livres de mortes estúpidas como essa.

Sei que ninguém tem a resposta para meu dilema. Infelizmente, não acredito na solução.

Não chego a ser um apocalíptico que desistiu dos humanos. Sei que há muitas coisas boas no mundo, mas dói saber que o homem seja capaz de cometer atrocidades como o assassinato de Victor Hugo.

SE a nossa realidade é crua, resta-me imaginar uma vida nua e pura.