quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Uma experiência na cidade grande --final

...E ele entrou. Avistou o balcão e pegou a primeira cerveja. Naquele momento, havia esquecido tudo: chácara, Fuleca, cravos, o cheiro ruim de seu perfume e sua roupa ralé...Estava feliz, ainda sob o efeito da Tequila.

Quando virou o corpo e olhou para trás, mal podia acreditar no que via: mulheres seminuas dançando sensualmente. Só havia visto aquilo na TV.

Decidiu sentar e observar aqueles corpos suados e, ao mesmo tempo, atraentes...Nunca tinha visto o paraíso, mas tinha certeza que não poderia ser melhor.

Quando estava pensando em se levantar para buscar a segunda lata, Ralecab foi surpreendido por um pedido:

- Posso me sentar com você? --perguntou uma morena de olhos verdes, lingerie vermelha e voz sensual.





-Po..po..po..de --respondeu incrédulo e gaguejante o nosso herói.

- Qual é seu nome, amorzinho?

- Suiciniv Ralecab e o seu?

- Que nome diferente! Cláudia, mas pode me chamar de Claudinha.

- Prazer, Claudinha.

- O prazer será todo nosso. Primeira vez na casa?

- Sim. E você?

- Bom, eu trabalho aqui há um ano. Só não venho de segunda.

- Como?

Astuta, a garota percebeu que o menino era ingênuo (ou fingia ser). Na dúvida, decidiu fazer o jogo dele. Não tinha descolado nada até aquela hora e precisava faturar. Apesar do mau cheiro e da aparência, nutria a esperança que ele pudesse ter um cartão de crédito. Afinal, hoje em dia todo mundo tem.

- Que lindinho! Ele é puro. Mas pode deixar que a Claudinha vai cuidar bem de você...

Então começou a fazer carinho no rosto, pescoço, peito e continuava descendo a mão...barriga, pernas... até que...

- Vamo fazê amô gostoso? Vamo? --sussurrava no ouvido de Suiciniv. E a mão não parava.

Ralecab nunca tinha sentido algo parecido. Seu corpo parecia que estava em ebulição. Embriagado pela tequila, cerveja e pelo perfume de Claudinha (que não era tão melhor que o seu), decidiu se arriscar. Não sabia direito o que era aquele "amô", mas imaginava que era algo bom pela sensação do momento.

- Vamos!

-Humm, gostoso. Vamos lá no caixa acertar então? R$110 uma hora, com o quarto incluso.

- O que? Eu..eu..eu...só tinha dez reais e gastei para entrar..Putz, nem sei como voltar para casa...

- Tá brincando com a minha cara?

- Não, veja bem, eu sou da roça...

- Você pode ser da puta que pariu. Seu moleque...Bem que eu percebi que era pobre mesmo. Olha essa roupa, esse perfume vencido...Vai tomar no seu cu e some da minha frente. -- disse Claudinha ao se levantar do sofá e deixar o protagonista sozinho e excitado.

Ele nem quis saber das duas latinhas que tinha direito. Para falar a verdade, esqueceu mesmo. Estava arrasado. Sentia-se humilhado quando ganhou a Augusta de novo.

Assim que colocou o pé na rua, ouviu um rapaz gritar com uma mulher: "Sua vaca!"




Lembrou-se da Fuleca. Estava com fome e tudo que precisava era um copo de leite.

"Se eu ordenhar aquela moça... Será que sai leite? Mas quanto ela cobraria? Se a outra cobrou R$110 só para passar a mão em mim, se eu passar a mão deve ser mais caro...Ainda teria o valor do leite... Ah, Fuleca..Cadê você com seu leite gratuito?", indagou-se bêbado e faminto.

Cansado e sem um puto no bolso, Suiciniv Ralecab caiu na calçada, pegou no sono em uma rua que nunca dorme e pensou: "Seria tão louco, se fosse verdade".



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