Humilde, com os pés descalços e com uma inocência incomum, Suiciniv Ralecab vivia nos rincões da zona leste de um feudo distante.
Na sua chácara Lúcia Matilde, nome dado em homenagem a sua bisavó, ele acompanhava o crescimento do mundo de uma forma pura e alienada. Mesmo assim, era feliz.
Ralecab não conhecia o luxo (por isso, não sentia sua falta). Estava satisfeito com o pouco que tinha.
O seu xodó era a vaca Fuleca, pois ela fornecia o leite de cada dia. E como gostava de ordenhá-la pela manhã.
O nosso herói (se os BBB's são heróis, Suiciniv Ralecab era super-mega-foda-phd em heroísmo)raramente ficava nervoso. A não ser que a sua colheita o deixasse na mão.
Quando isso acontecia, ele enrolava uns cravos em uma folha de árvore, acendia e sugava. Sem saber o porquê, aquele ritual o deixava mais calmo.
Fora os imprevistos da natureza, as coisas andavam tranquilas na vida do nosso humilde protagonista. Até que um dia, ele resolveu largar o marasmo da chácara (não confunda com outro personagem, bem menos relevante...) e foi para o centro do burgo, de nome paulista.
Colocou sua melhor roupa: uma calça jeans (que deveria ter uns seis anos, no mínimo), um sapato número 37 (ele calçava 39) e uma camiseta polo branca (já estava amarela pelo tempo de armário. Afinal, era uma peça que só usava em solenidades --casamento do primo do tio do amigo regado a croquete, quermesse e coisas do gênero).
Usou um pingo do perfume vencido, que, logicamente, deixou fedendo a chácara inteira. Era um domingo. Pegou 50 reais (a economia do ano) e disse: "Não tenho medo nenhum de gastá-los".
Quando chegou ao destino, ficou encantado com as luzes. Já tinha escutado falar de uma tal de Paris, mas com certeza a desconhecida cidade não era tão luz quanto o burgo paulista.
Andou um bocado...sem destino...até que se deparou com uma placa: "Augusta". Ralecab não sabia ler direito, porém com algum esforço, lembrou-se que era o nome da sua tia. Resolveu descer.
Caminhou e olhou para aquelas luzes vermelhas e nomes engraçados: Casarão (e não passava de uma porta minúscula com um cara de terno e gravata na porta), Las Jegas, Emanoelle (Já tinha visto em um sábado de madrugada uma alcunha parecida na TV: Emannuelle. Até pensou que a poderia encontrá-la lá dentro, mas preferiu não entrar) e resolveu parar em um lugar sem luzes. Era um bar escuro.
Sentou-se no balcão e encontrou um rapaz simpático.
-Qual é seu nome, jovem?
-Suiciniv Ralecab e o seu?
- José. Mas pode me chamar de Cuervo. Aceita uma bebida?
To be continued
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